quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Snooker ou bilhar um jogo... sexual?

Snooker ou bilhar um jogo... sexual? Trajectória de vida




Jogo cativante e estranho, penso eu. Bolas, buracos, paus de madeira, vulgo tacos, que empurram bolas para os buracos. Nada de sexual, nada disso. Não é nem mais nem menos que, um bilhar o que me inspira. Jogo de trajectórias determinadas por um golpe preciso (nada de sexo, já o escrevi) e, tudo para enfiar num buraco. Para mim, jogo gracioso onde as curvas se desenham sobre um pano verde.

Um triângulo colocado, a escolha à sorte que determina quem começa. A libertação das bolas de forma aleatória sobre o feltro. A primeira bola a entrar no buraco vai ditar qual a sua cor; riscadas ou lisas.

Mesas sem buracos, bolas são três e, homens que manejam os paus como archotes, transmitem curvas e efeitos a uma velocidade específica. Uma verdadeira dança delineada sob o meu olhar, paro então de jogar, hipnotizado pelo bailado que fazem. Imaginem um grupo de bailarinas orientadas como se fossem marionetas.
Fazem-nas dançar para, colidirem. Homens de cabelo grisalho inundam o meu cérebro como uma ópera digna de Verdi, tudo sob um silêncio sepulcral.

À vontade sobre o bilhar americano, sinto-me desarmado pela falta de referências. Após uma explicação das regras, procuro o gesto perfeito e a força adequada para, também eu desenhar curvas. Força, paciência e perfeito controle da respiração fazem parte. Atrevo-me a fazer deslizar a bola, mas fico impávido pois a minha satisfação deve ser comedida e, permitir-me guardar energias para a próxima… paulada.

A experiência, palavra adequada para esta actividade; reclama uma calma absoluta e, mestria para evitar precipitações e um… desastre.

Neste caso, podemos abandonar com um sabor amargo, um sentimento de frustração, pelo fracasso de algo… inacabado. Jogo diabólico? 

Claro que não! Jogo sedutor e, envolvente… sim. É por essa razão que durante anos busquei a perfeição que me dá prazer… sempre. Com o tempo, as palavras deram lugar ao silêncio e, as bolas passaram a… berlindes, ao ritmo de uma maratona de liliputianos.

Não posso errar o buraco, trabalhar os gestos e a posição dos dedos. Naquela época, o meu bilhar era um parque de jogos e o meu pano verde a… areia. Aperfeiçoar o meu estilo, ao bilhar como, na escrita dos textos. Trabalhar nas tuas curvas e, enriquecer a geometria do verbo afim de que o choque das palavras não perturbe em nada o equilibrio das frases.

Encontrar inspiração, o ângulo de ataque mais correcto e conveniente para acertar no… alvo.

A perfeição de uma jogada… sedutora. E, as minhas palavras como bolas.

Uma página minha como o pano verde, a minha caneta como cacete e, as minhas palavras como bolas, constituem a visão escrita do nosso jogo de… amor.
Divertimento entusiasmante, reflexão e profundidade sobre uma figura… elegante. O paralelo está estabelecido e, a escrita tem as mesmas exigências que o bilhar.

Só, comigo mesmo, isolo-me e mergulho o entendimento na tinta da minha inspiração.

Fui sempre exigente comigo e tento ser preciso nos gestos quotidianos. Preciso, já que honestidade e respeito pela opinião de outros, como são a maioria das pessoas que sob os nossos olhos simulam óperas em silêncio.O guia de uma vida a, minha trajectória rumo ao infinito.

Artistas anónimos, pintores, artesãos, só tenho que agradecer-vos a beleza dos vossos gestos, neste caso obrigado amiga Maria Cotovia!!! :)

1 comentário:

  1. Agradável surpresa pela eloquência do devaneio dessa mente libidinosa :)
    Venham mais reflexões e viagens mentais!
    Bjo

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